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terça-feira, 3 de maio de 2005

"Barbeiragem" petista

Rodrigo Constantino em 03 de maio de 2005

Resumo: Um dos termos que devem ser evitados segundo a cartilha "politicamente correta" do governo é comunista, pois os comunistas foram muito "caluniados", enganando-se quem achava que a imagem negativa tinha relação com as atrocidades cometidas pelo comunismo.

© 2005 MidiaSemMascara.org

A grande vaia é mil vezes mais forte, mais poderosa, mais nobre do que a grande apoteose; os admiradores corrompem."

(Nelson Rodrigues)

O governo Lula é incansável na arte de fazer barbeiragem. A mais recente foi o lançamento de uma cartilha de termos "politicamente corretos". Um dos termos que devem ser evitados, segunda a cartilha, é comunista, que tem caráter pejorativo. Curioso, já que um dos partidos aliados do PT no governo carrega comunista até no nome! Será que o partido terá que mudar de nome, ou acabará expulso da base governista? Teremos que chamar PCdoB de Partido Camarada do Brasil? Diz a cartilha que os comunistas foram muito caluniados, e o termo pegou conotação negativa. Eu poderia jurar que a imagem negativa tinha ligação com as mais de cem milhões de mortes causadas pelo regime comunista...

Outro termo que deve ser evitado é "funcionário público". Devemos falar "servidor público", pois "funcionário" já pegou ranço também. Seria preconceito, ou pós-conceito, após tantas evidências de incapacidade, regalias e privilégios dessa gente? Mas os adeptos da novilíngua orwelliana entraram em ação, e mudanças sutis assim tentam apagar anos de informação aglutinada na memória. Coisa de "funça" sem nada pra fazer mesmo...

Até mesmo o termo "negro" querem evitar. Eu poderia jurar que um negro era...negro! A palhaçada dos petistas não tem fim. Ops, "palhaço" deve ser evitado também! Melhor seguir logo o recado do presidente e parar de criticar seu governo. Em breve, poderá ficar impossível fazer isso. O problema é que aquele que se curva aos opressores, acaba mostrando a bunda aos oprimidos!

Enquanto o governo gasta o dinheiro do povo para imprimir milhares de cópias dessa cartilha idiota, o presidente Lula diz que os empresários exportadores não podem se acomodar, e precisam buscar novos mercados, se a China incomoda. Agora não é mais apenas a classe média que tem que "levantar o traseiro" e mudar de banco, para outro com a mesma taxa de juros. Os empresários também precisam se mexer, mesmo que a perda da competitividade deles tenha causa no tamanho do Estado, nos absurdos encargos sociais, impostos escorchantes e burocracia asfixiante. Todos têm que levantar o traseiro gordo, menos aquele que realmente poderia fazer as mudanças necessárias através de reformas. Como escutei por aí, o povo não levanta o traseiro por legítima defesa desse governo tarado!

Na vizinhança, o outro presidente populista de esquerda aproveita para criticar pesado o Brasil, falando que o governo Lula quer um lugar na OMC, na ONU, na FAO e até mesmo um papa brasileiro! Os camaradas são assim mesmo. Como a retórica populista visa ao público doméstico, de tempos em tempos um se digladia com o outro. Afinal, colocam-se contra a Alca, veículo do "imperialismo" americano para nossa "exploração", mas ficam uns tentando tirar vantagens dos outros dentro do falido Mercosul. Claro, as esquerdas são contrárias ao livre comércio. Como poderia dar certo um acordo entre similares tentando vantagens via privilégios, e não competitividade real? O Chile ignorou essa receita estranha dos esquerdistas e partiu para acordos bilaterais, colhendo os frutos da sensatez. Já Lula parece preferir ser cabeça de sardinha magra a rabo de baleia gorda. Não vai desistir do sonho de liderança imposta frente aos "amigos" do cone-sul.

Quem paga o elevado preço por essa obsessão esquisita é o povo brasileiro, cujo traseiro fica cada vez mais exposto à volúpia do Estado. Praticamente metade da produção privada nacional já vai para os bolsos do governo. Ou seja, para a privada! E ainda temos que escutar o presidente falar que pagamos esses juros explosivos por culpa do nosso comodismo. O pior de tudo é, com essa cartilha nova, não mais poder chamar o governo de "palhaço". De fato, coitados dos palhaços. Não merecem isso...


Rodrigo Constantino é economista pela PUC-RJ, com MBA de Finanças pelo IBMEC. Trabalha no mercado financeiro desde 1997. É autor do livro "Prisioneiros da Liberdade", da editora Soler.


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