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segunda-feira, 3 de setembro de 2007

A REDE

Percival Puggina

A principal diferença entre os totalitarismos de origem marxista e os demais não está no fato de ser o partido (e não o Estado) a instância decisiva final, mas na fé em que ele, o partido, encarna a História como intérprete privilegiado e agente definitivo. Engels empresta caráter científico a tal convicção ao afirmar: “Assim como Darwin descobriu as leis da evolução da natureza, Marx descobriu as leis de evolução da sociedade”.

Pronto! Estabelecido o dogma, as mentes marxistas se assumem titulares da profecia. Elas sabem onde tudo vai chegar e se desinteressam por qualquer roteiro de viagem ou direito humano que não convirja para esse porto final. A história das revoluções comunistas é o relato da certeza sobre o devir histórico, sobre o paraíso, que embora jamais tenha saído dos discursos e dos documentos, justifica todos os infernos construídos em seu nome. Ora, se a descrição do éden comunista é tão convincente que consegue sustentar durante décadas as monstruosas perversões que produz, por que não usar esse discurso para chegar ao poder dentro dos mecanismos eleitorais vigentes? Para que revolução armada, se o eleitor pode ser transformado numa esponja para toda encenação, mentira e demagogia?

Esse raciocínio, articulado em esfera continental no Foro de São Paulo, já produziu resultados na Venezuela, no Equador, na Bolívia, na Nicarágua, na Argentina e no Brasil. Perdeu por detalhe no Peru e no México. E muito provavelmente vai vencer a eleição no Paraguai. É quase impossível ser tão pouco escrupuloso quanto um demagogo de esquerda.

A tomada do poder, contudo, é mais fácil que sua manutenção. Conservar a caneta e a chave do cofre, por mecanismos que eventualmente passem pela legitimação popular, exige um imenso trabalho de doutrinação que não prescinde das organizações sindicais, dos órgãos estudantis (veja-se o que está acontecendo com a UNE) e, principalmente, do sistema de ensino. Tão mais rápida chega a embarcação ao cais quanto maior for o número de remadores. Portanto, há que influenciar a infância e a juventude. É o que está acontecendo em toda parte, inclusive nas escolas particulares e religiosas, por obra de militantes que usam a mesa do professor como altar da velha religião da história.

Embora as escolas existam para educar e não para doutrinar, não é de hoje que se lançam redes sobre as salas de aula com o intuito de capturar corações e mentes. A liberdade de expressão e de cátedra não se deveria confundir com autorização para catequese política. Se o uso do poder para assédio sexual é crime, não tem menor gravidade moral o seu emprego para assédio mental dos alunos.

Recomendo aos leitores, enfaticamente, que acessem o site www.escolasempartido.org. O que ali se denuncia é parte da imensa rede que já nos capturou.

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