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sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Demolidores e Criadores - Santa Teresa de los Andes

Fonte: http://www.revolucao-contrarevolucao.com/verartigo.asp?id=46

Grandeza de visão histórica

Corria o ano de 1918. A jovem Joana Fernández Solar, dedicada estudante de
História, apresenta três composições literárias ao Concurso Geral da
Vicária, que levaram-na a obter o primeiro prêmio, outorgado pela
Academia.

É esta mesma jovem, que poucos meses depois ingressará nas Carmelitas de Los
Andes chamando-se a partir daí Teresa de Jesus, e que veneramos com o nome
de Santa Teresa de Los Andes.

Transcrevemos trechos da primeira das composições mencionadas, titulada
expressivamente "Demolidores e Criadores". O conteúdo desta composição
revela traços admiráveis e pouco conhecidos de seu pensamento e sua
personalidade. Sua visão de conjunto sobre decisivos acontecimentos
históricos dos últimos séculos; a convicção com que esta jovem, que com seus
18 anos, passeia pelos campos da teologia e da filosofia da História; e,
sobretudo, sua fé na Igreja militante, constituem um reconfortante exemplo,
uma admirável lição, para todos aqueles que lutam em defesa dos valores da
civilização cristã.

****
"Sombra e Luz na Idade Moderna", por Joana Fernández Solar (1900-1920)

DEMOLIDORES E CRIADORES

"Há um poder sempre reinante, uma dinastia que não conhece ocaso, uma luz
que jamais se extingue, e este poder tem sido sempre combatido, esta
dinastia sem cessar perseguida, esta luz está continuamente circundada de
trevas. Eis aqui a eterna história do poder da Igreja; da dinastia do
Papado; da luz, da verdade. Enquanto tudo passa e perece a seus pés, a
Igreja mantém-se erguida, porque está sustentada pelo poder do alto. Abramos
a cortina do cenário dos povos modernos, e veremos que, em cada século, os
filhos da Igreja têm que levar a seus lábios a trombeta guerreira. Esta luta
não terminará porque eterno é o antagonismo entre a sombra e a luz. Enquanto
os filhos da sombra demolem, os filhos da luz regeneram. Daí o título que
adotamos: 'Demolidores e Criadores'.

O que se passou no século XVI? Os países da Europa se incendiaram no fogo de
guerra fratricida. Na Alemanha um astro sinistro se interpõe entre as almas
e o sol da verdade. Lutero e seus sequazes dão o grito de guerra, o alvo de
seus ataques é a autoridade da Igreja. Creres no que queirais!. Qual é o
fruto desta rebelião? A destruição da comunhão de idéias. As nações se vêem
inundadas em sangue, as almas envoltas nas trevas do erro, e a heresia, como
rio desbordado, arrasta às massas populares, à nobreza, os tronos até os
ministros do altar. Os canais por onde Deus derrama as graças sobre as almas
estão, pois, envenenados"

.

"Mas, será possível que o mundo pereça? Não, eis que um novo astro surge no
horizonte; é o ferido de Pamplona, Inácio de Loyola, que cai como soldado de
um rei terreno e se levanta como guerreiro do Rei do céu. Veio alistar uma
companhia que não manejará a arma nem empunhará a espada. Quereis conhecer
suas armas? O Crucifixo! Seu lema? Tudo para a maior glória de Deus! Seus
soldados se derramaram por toda parte, e, portadores da luz da verdade, vão
deixando atrás de si um sinal luminoso; luz derramam na Europa, na
controvérsia, na pregação, no ensinamento; luz derramam nas Índias com
Francisco Xavier que regenera nas águas do batismo milhões de almas; luz
derramam os soldados da nova milícia por onde quer que dirigem seus passos".

"Demos volta à página do século XVI e veremos no século seguinte o mesmo
espetáculo de sombra e luz, de demolidores e criadores. No século XVII vemos
destacar-se entre as sombras uma figura de aspecto rígido e severo: Jansênio
que lança a frieza e a sombra por onde passa. A chama de amor vacila e acaba
por extinguir-se com seu grito ímpio: Cristo não morreu por todos! Fugi do
Deus do Sacramento, posto que podeis perder sua boa vontade pela vossa
indignidade. Fugi, Fugi!'.., clamam os demolidores do século XVII, e as
almas aterradas fogem... se enregelam e se perdem!."

"Deus estava ferido no mais delicado de seu amor.., o Verbo pronuncia uma
vez mais a palavra criadora que vai a fazer brilhar a luz no meio das
trevas: em Paray-Le-Monial se levanta um sol esplendoroso e vivificante.
Jesus Cristo mostra a uma humilde visitandina seu Coração aberto, abrasado
em chamas de amor, se queixa do esquecimento dos homens e os chama a todos
com insistência, A legião jansenista grita: Fugi, fugi!,,, A voz de
Paray-Le-Monial chama em contrário: Venham, venham! A negra bandeira do
terror cederá ante o formoso estandarte do amor, és isto tudo? Não, ali está
o grande apóstolo da caridade, São Vicente de Paulo, que à imitação do
Divino Mestre, chama ao pobre, ao enfermo, ao menino; para todos há lugar em
seu coração".

"A luta não terminou; o inimigo espreita sempre à Igreja. A tempestade é
mais terrível do que nunca no século XVIII, Os corifeus da maldade, Voltaire
e Rousseau aparecem, o primeiro com o sorriso jocoso nos lábios e a
blasfêmia na pluma, o segundo com o sofisma e a confusão nas idéias, e ambos
com a corrupção no coração. Os pretendidos filósofos querem explicar tudo
racionalmente, e proclamam à face do mundo que não há Deus, e arrancam a
Cristo do coração de nobres e plebeus, e ainda se atrevem a arrancá-lo do
coração da criança.

Parem infames! Está ultrapassada vossa medida, esse santuário de inocência
não pode ser traspassado, essas crianças pertencem a Jesus Cristo! Um
apóstolo se levanta em nome do Deus da infância. João Batista La Salle,
funda as escolas cristãs, encerrando no coração dos pequeninos desvalidos a
faísca da fé que se extingue por todas as partes (,.,)".
"Oh Igreja, teu poder jamais será destruído! As trevas cobriram a face do
universo na aurora do Tempo e ao 'Fiat lux' fugiram vencidas. Mas tarde as
sombras da idolatria cobriram ao mundo antigo, veio o Verbo e dissipou as
trevas, porque o Verbo era a Luz. Hoje as sombras cobrem de novo ao orbe
cristão; mas ali está a palavra de Cristo, Verdade eterna: 'Aquele que me
segue e cumpre minha palavra não anda nas trevas".

"Oh palavra de vida! A Ti amor eterno, a Ti eterna felicidade!".

(cfr. "Un lirio del Carmelo: Sor Teresa de Jesús- Juanita Fernández S.,
1900 - 1920?, pp. 555 a 559; Imprenta de San José, Santiago, 1929).

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