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terça-feira, 2 de janeiro de 2007

Na Europa comunismo condenado

 Os símbolos nazistas são compreensivelmente abominados. Porém, não se promoveu aversão similar aos símbolos do regime comunista, cujos crimes e horrores vão ficando, assim, relegados ao esquecimento.

Nosso correspondente de Minsk (Bielorússia), Sr. Alexander Stralcov-Karwacki, entrevistou em Bruxelas o ex-presidente da Lituânia, prof. Vytautas Landsbergis, atualmente deputado lituano ao Parlamento Europeu. Oferecemos a nossos leitores uma tradução da entrevista feita em russo. O tema foi a proposta do prof. Landsbergis e do deputado húngaro József Szájer, apresentada ao Parlamento Europeu, pedindo a condenação de símbolos comunistas como a foice e o martelo, a par dos símbolos nazistas.

“Até agora a história foi apresentada de modo unilateral, calando os crimes do comunismo. Por causa disso, não é fácil chegar a um consenso”.

Landsbergis começou sua carreira docente ainda quando jovem estudante, em 1952. Lecionou até 1990, quando foi eleito presidente do Supremo Conselho da Lituânia. De 1978 a 1990, foi professor de história da música na Academia Lituana de Música. É autor de dez livros sobre musicologia, arte e história da música.

Tem vários long-plays gravados com música lituana para piano. Escreveu ainda cinco outras obras versando sobre temas políticos.

Em 26-3-1989 Landsbergis foi eleito deputado da Lituânia ao Congresso da União Soviética; indicado como membro do Conselho Supremo da Lituânia em 24-2-90; eleito no dia 11-3-90 (data da declaração de independência de seu país) presidente do Conselho e Chefe de Estado, cargo que exerceu até as eleições de novembro de 1992.

Em 4-12-90 Landsbergis recebeu a delegação de membros das TFPs de diversos países que retornavam de Moscou, onde entregaram no Kremlin cópia do maior abaixo-assinado da História, promovido pelas TFPs em prol da independência da Lituânia.

Em 25-11-96 foi eleito presidente do Parlamento Lituano. Desde 2002 é deputado lituano ao Parlamento Europeu.

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Catolicismo — Por que o senhor acredita importante proibir o uso de símbolos comunistas nos países da Comunidade Européia?

Prof. Landsbergis — Penso que a questão não se cinge propriamente tanto à proibição quanto a uma visualização objetiva e paritária da possibilidade do uso de símbolos nazistas e comunistas.

Catolicismo — Por que sua proposta, tão coerente, pedindo que paralelamente à proibição dos símbolos nazistas se proibisse também os comunistas, não recebeu o apoio que merecia no Parlamento Europeu?

Prof. Landsbergis — Estamos passando no momento por um processo de compreensão crescente e de conscientização de toda a história européia do século passado. Até agora a história foi apresentada de modo unilateral, calando os crimes do comunismo soviético. Por causa disso, não é fácil chegar a um consenso. Não basta dar apenas alguns passos; trata-se de um processo de compreensão complexo, atualmente em andamento. E em muitos documentos do Parlamento Europeu, bem como na Comissão Européia, o assunto foi tratado por iniciativa do comissário Franco Frattini. É necessário que a elite política e os jornalistas, especialmente os comentadores políticos, para os quais a história recente da Europa não deve ser indiferente, compreendam isso inteiramente.(*)

Catolicismo — Em sua opinião, por que se fala livremente na Europa sobre os crimes nazistas, ao mesmo tempo que existem “tabus” quando se trata dos crimes do regime comunista?

Prof. Landsbergis — Trata-se de uma longa tradição existente desde o fim da Segunda Guerra Mundial, quando os diplomatas ocidentais, sob forte influência da diplomacia soviética e do regime stalinista, encontraram e aplicaram uma dupla medida. Por exemplo, os iniciadores do Processo de Nuremberg recusaram analisar os termos do pacto Ribbentrop-Molotov, segundo pedira o advogado de Ribbentrop. Essa recusa serviu para apresentar sob uma luz negativa exclusivamente Ribbentrop e os chefes nazistas. Em minha opinião, um exame dos termos deste pacto de modo algum teria diminuído a gravidade dos delitos nazistas, mas forneceria um quadro mais objetivo do que então se passava. Lamentavelmente as democracias ocidentais aceitaram o “veto” da União Soviética; e, com isso, desacreditaram em boa medida todo o processo de Nuremberg, tendo em vista que qualquer tribunal deve ser objetivo e procurar a verdade inteira.

Catolicismo — Como o senhor gostaria de agir para que, na Comunidade Européia, a atitude face aos símbolos comunistas seja equiparada à que se tem diante dos símbolos nazistas?

“Quando falamos dos crimes e dos símbolos nazistas, seria injusto calar a respeito dos crimes dos dirigentes da URSS e do sistema soviético”

Prof. Landsbergis — Não existe ainda propriamente nenhum documento regulando este problema. Discutimos apenas a questão de que não se pode adotar dois pesos e duas medidas. Pensamos que a verdade histórica deve ser apresentada por inteiro. E quando falamos dos crimes e dos símbolos nazistas, seria injusto calar a respeito dos crimes dos dirigentes da URSS e do sistema soviético. É preciso apresentar o outro lado da moeda, não para justificar o nazismo, mas para fazer justiça a milhões de vítimas do regime comunista, para fazer justiça a seu martírio, e para que se compreenda o papel destrutivo deste regime quanto à sociedade que herdamos depois de extinta a União Soviética. É preciso que se entenda isso.

Catolicismo — Que papel o senhor atribui ao Cristianismo para o futuro da Europa?

Prof. Landsbergis — A tradição cristã repousa sobre profundos fundamentos morais, indispensáveis para a construção de uma sociedade democrática e justa. Por exemplo, o conceito de “dizer a verdade” ou de “não mentir”. O conceito “dizer a verdade” envolve o de “dizer toda a verdade”, pois o emprego de meias verdades implica uma mentira. Exemplo disso é o tema sobre o qual estamos falando. A meia verdade é escrava da mentira. E se a civilização européia tender para a busca da verdade, ela realizará o que está dito no Evangelho: “A verdade vos libertará”. A Europa não será inteiramente livre enquanto permanecer indiferente à mentira ou calar a verdade em função de alguma razão especulativa desconhecida. Neste caso, estaremos bastante distantes do ideal de liberdade. A meia liberdade é similar à taça de vinho cheia pela metade. Certamente podemos nos alegrar por termos uma meia liberdade, mas também podemos lamentar pelo fato de não sermos inteira e responsavelmente livres. Seria muito mais importante ter uma total liberdade do que adotar pressupostos que apenas levam à reticência, à mentira e ao seu apoio.

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(*) A respeito do processo de conscientização dos crimes do comunismo, de que fala Landsbergis, ver em nossa edição de março o comentário de Cid Alencastro “Afinal, um brado!”, sobre a condenação internacional dos crimes do regime comunista, feita pela Assembléia Parlamentar do Conselho da Europa.

O artigo "Afinal um brado" de Cid Alencastro, está logo abaixo:


Uma “explicação” que não justifica

Sobre a iniciativa de que se proibissem, juntamente com os símbolos nazistas, também os comunistas como a foice e o martelo, proposta pelos deputados europeus Vytautas Landsbergis e József Szájer (Hungria), o Parlamento Europeu preferiu abster-se. A explicação dessa inexplicável abstenção, deu-a a deputada Sylvia-Yvonne Kaufman, vice-presidente do PDS (Partido Comunista alemão):

”A proposta dos dois deputados do parlamento europeu József Szájer e Vytautas Landsbergis, de proibição na Comunidade Européia dos símbolos comunistas, a par dos nazistas, é apoiada também por outros representantes de países da Europa Central. Adotá-la, entretanto, é inteiramente contraproducente e mesmo politicamente perigosa. A mensagem transmitida seria tirar totalmente a gravidade dos crimes do fascismo alemão, únicos na História, e sobretudo no que diz respeito ao holocausto, bem como o planejamento e a condução de uma guerra de agressão que custou a vida de milhões de homens.”(*)

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Será que a deputada comunista nunca ouviu falar dos 100 milhões de vítimas do comunismo no mundo inteiro? Ela bem que lucraria em ler O livro negro do comunismo –– Crimes, terror e repressão, inteiramente insuspeito porque escrito por intelectuais de esquerda.
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(*) Declaração de imprensa do PDS, www.pds-europa.de






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Afinal, um brado!

Assembléia Parlamentar do Conselho da Europa, reunida em Estrasburgo, promoveu uma condenação internacional dos crimes dos regimes comunistas no século passado. Auguramos que essa iniciativa se desdobre.

Cid Alencastro

Na Europa, comunismo condenado

O Muro de Berlim ruiu em 1989. A Cortina de Ferro acabou de dilacerar-se em 1991.

Em fevereiro de 1990, no mundo todo era estampado um impressionante manifesto assinado por Plinio Corrêa de Oliveira, cobrando uma condenação do comunismo e de seus crimes, como fora feito com o nazismo. E apontando, com uma clarividência ímpar, a participação que nesses crimes tiveram incontáveis setores no Ocidente, como os partidos comunistas, uma parte do clero, os colaboracionistas, os inocentes úteis, etc.

Um silêncio constrangedor seguiu-se à publicação. Os interessados em que não se levasse a cabo tão necessária condenação utilizaram todos os meios para abafar o clamor das vítimas do comunismo, às quais dera voz o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira.

Aparentemente os abafadores tiveram êxito. Continuou-se a falar dos crimes do nazismo (com razão), mas silenciavam-se obstinadamente os crimes do comunismo. Mais de 100 milhões de vítimas eram assim relegadas ao olvido.

Mas ao horror dos crimes espantosos juntaram-se a força luminosa da lógica e — por que não! — a ação da Providência Divina. Passados 16 anos do referido manifesto, contra toda a expectativa dos que preferem esquecer para não serem incomodados, um brado se levanta agora contra os crimes do comunismo.

Trata-se, é verdade, de um brado ainda tímido, muito incompleto, ao qual caberiam retoques importantes. Mas, afinal, é um brado! Após tantos anos de silêncio poluinte e de cumplicidades abjetas, um importante órgão internacional levanta-se e proclama: os crimes do comunismo são graves e devem ser condenados.

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Quadro I

Resolução 1481/2006 da Assembléia Parlamentar do Conselho da Europa condenando os crimes do comunismo
(excertos)

1 – Os regimes comunistas totalitários que estavam no poder na Europa central e oriental no século passado, e que existem ainda hoje em diversos países do mundo, foram marcados, sem exceção, por violações maciças dos direitos do homem, [...] incluindo assassinatos e execuções individuais ou coletivas, as mortes em campos de concentração, a morte pela fome, as deportações, a tortura, o trabalho forçado e outras formas de terror físico coletivo, as perseguições por motivos étnicos ou religiosos;

2 – Os crimes foram justificados em nome da teoria da luta de classes e do princípio da ditadura do proletariado. A interpretação desses dois princípios tornaria legítima a eliminação de categorias de pessoas consideradas como perniciosas para a construção de uma sociedade nova, e, como conseqüência, como inimigas dos regimes comunistas totalitários;

3 – A queda dos regimes comunistas totalitários da Europa central e oriental não foi seguida de uma pesquisa internacional exaustiva e aprofundada, nem de um debate sobre os crimes cometidos por esses regimes. Ademais, os crimes em questão não foram condenados pela comunidade internacional, como foi o caso dos horríveis crimes cometidos pelo nacional-socialismo (nazismo);

4 – Os partidos comunistas ainda atuam legalmente em certos países, sendo que, por vezes, nem sequer tomaram distância em relação aos crimes cometidos no passado pelos regimes comunistas totalitários;

5 – Ainda há regimes comunistas totalitários em alguns países do mundo, e os crimes continuam ali a ser cometidos;

6 – A Assembléia Parlamentar condena vigorosamente as violações maciças dos direitos do homem cometidas pelos regimes comunistas totalitários e presta homenagem às vítimas desses crimes;

7 – Além disso ela convida todos os partidos comunistas ou pós-comunistas de seus Estados membros a reexaminar, se ainda não o fizeram, a história do comunismo e seu próprio passado, a tomar claramente distância em relação aos crimes cometidos pelos regimes comunistas totalitários e a condená-los sem ambigüidades.

(Assembléia de 25 de janeiro de 2006 – 5ª seção. A íntegra pode ser consultada em: http://assembly.coe.int/Mainf.asp?ink=/Documents/AdoptedText/ta06/FRES1481.htm).

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Condenação internacional

A Assembléia Parlamentar do Conselho da Europa, reunida em 25 de janeiro em sua sede em Estrasburgo, França (*), promoveu “uma condenação internacional dos crimes dos regimes comunistas totalitários”, aprovando relatório do sueco Göran Lindblad, membro do Partido Popular Europeu. “Estou muito contente, porque nossa Assembléia, que representa 800 milhões de pessoas, é a primeira organização internacional a ter esse gesto”, declarou ele à saída da votação. A resolução foi adotada por 99 votos contra 42 e 12 abstenções.

Os partidos comunistas ainda existentes na Europa protestaram cinicamente. Ao que parece, para eles, assassinar barbaramente não tem nenhuma importância, desde que seja em nome do comunismo.

Lembramos aqui, com especial veneração, que entre as primeiras vítimas dos carrascos comunistas estiveram o Czar Nicolau II e seu filho, que era também seu sucessor, sua esposa e suas quatro filhas.

No Conselho de Ministros da Europa, infelizmente não foi aprovado um documento do mesmo tipo, o qual convidava os governos dos 46 Estados membros a adotar uma declaração similar e a lançar uma campanha de sensibilização. Embora aprovado por 85 votos contra 50 e 11 abstenções, os regulamentos do Conselho prevêem que, para ser adotado, exige-se uma maioria de dois terços. Promover a referida “campanha de sensibilização” seria muito importante.

Um acontecimento “histórico”

Nos debates prévios à aprovação pela Assembléia Parlamentar, muitos dos deputados europeus consideraram “histórico” o acontecimento.

“O comunismo jamais foi condenado, ao contrário do nazismo, entretanto a amplidão de seus crimes nada tem a invejar em relação ao nazismo”, disse o deputado francês Bernard Schreiner.

Numerosos parlamentares, vindos dos países do Leste, testemunharam os sofrimentos vividos nas suas próprias famílias, colocadas sob a bota vermelha. Os bálticos e os ucranianos lembraram especialmente as deportações maciças para a Sibéria.

“Devemos condenar esses crimes, não apenas para acertar as contas do passado, mas também para que eles não se reproduzam mais”, afirmou a estoniana Katrin Saks. “Alguns dizem que eles desapareceram, mas eles existem ainda na Bielo-Rússia, em Cuba ou na Coréia”, constatou a búlgara Nadezhda Mikhailova.

* * *
Esperamos de toda alma que este seja não um documento único, mas sim um primeiro passo, uma primeira tomada de atitude, que já se fazia demorada. E que se siga toda uma série de outros documentos, pronunciamentos, atitudes, uma verdadeira cruzada enfim, contra esse regime ideológico que assolou o mundo durante quase todo o século XX. E cujos miasmas se espalharam por toda parte e nos atacam através das mil formas veladas de comunismo, como as investidas contra a propriedade privada e contra os vários aspectos da moral familiar.

No Quadro I, (acima) o leitor encontrará trechos da Resolução da Assembléia Parlamentar do Conselho da Europa. E no Quadro II, (abaixo) trechos do monumental manifesto do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, acima citado.
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(*) Cfr. “Le Monde” (www.lemonde.fr), 26-1-06.

O Conselho da Europa é a mais antiga organização política européia (1949). Distinta da União Européia, agrupa 46 países e concedeu status de observador à Santa Sé, Estados Unidos, Canadá, Japão e México

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Quadro II

Comunismo e anticomunismo na orla da última década deste milênio - A TFP apresenta uma análise da situação – no mundo – no Brasil
(14-2-1990,excertos)

Plinio Corrêa de Oliveira

Esse brado [das vítimas do comunismo] se dirigirá, antes de tudo, contra os responsáveis diretos por tanta dor acumulada ao longo de tanto tempo, em tão imensas vastidões, sobre uma tão impressionante massa de vítimas.

E, a menos que a lógica tenha desertado totalmente dos acontecimentos humanos as vítimas de tantas calamidades unirão seu ulular para exigir do mundo um grande ato de justiça para com os responsáveis.

Tais responsáveis foram, por excelência, os dirigentes máximos do Partido Comunista russo que, na escala de poderes da Rússia soviética, sempre exerceram a mais alta autoridade, superando até a do governo comunista. E, pari passu, os chefes de PCs e de governos das nações cativas.

Pois eles não podiam ignorar a desgraça e a miséria sem nome em que a doutrina e o regime comunistas estavam afundando as massas. E, contudo, não titubearam em difundir essa doutrina e impor esse sistema.

Outros culpados pelos crimes do comunismo:

1 – Historiadores otimistas e superficiais amorteceram a reação dos povos livres contra as tramas do comunismo internacional. Por que, em suas obras de síntese, lidas e festejadas por certa mídia no mundo inteiro, se contentaram em dizer tão pouca coisa sobre desgraças tão imensas?

2 – Os homens públicos do Ocidente, por que fizeram tão pouco para libertar da noite espessa e infinda da escravidão soviética esse número incontável de vítimas?

3 – As subvenções do Ocidente prolongaram a ação dos carrascos. As subvenções enviadas pelo Ocidente foram entregues, o mais das vezes, não diretamente aos pobres supliciados, mas aos carrascos, a quem tocava governar estas salas de tortura de dimensões nacionais. Esses governos-carrascos é que, o mais das vezes, recebiam as benesses do Ocidente. Nós precisávamos de uma cruzada que nos libertasse – exclamarão elas [as vítimas] – e vós nos enviastes tão-só um pouco de pão que nos ajudasse a ir agüentando por tempo indefinido o nosso cativeiro. Ignoráveis porventura que, para o cativo, a grande solução não é apenas o pão, mas sim, e sobretudo, a liberdade?

4 – Cooperadores suicidas para a difusão do comunismo. Se Moscou dispôs de ouro para minar, com suas redes de propagandistas e de conspiradores, todas as nações da Terra, é bem certo que, nas faraônicas despesas utilizadas para tal, não entraram parcelas consideráveis das quantias fornecidas, a este ou aquele título, pelos doadores ocidentais? Neste último caso, a par de benfeitores das vítimas do comunismo, não terão sido eles cúmplices involuntários — concedamo-lo — dos verdugos?

5 – Os líderes dos diversos partidos comunistas do Ocidente — Nada viram? Durante décadas a fio, os líderes comunistas dos diversos países mantiveram constante e multiforme contacto com Moscou, e ali estiveram, mais de uma vez, recebidos normalmente como comparsas e amigos. Nada contaram? Nada haviam indagado? Em nenhum momento dessas visitas, haviam eles procurado tomar conhecimento direto das condições em que viviam os russos e outros povos subjugados? Não haviam visto as filas intérminas que, pelas frias madrugadas afora, se formavam às portas de açougues, padarias e farmácias, à espera da mercadoria qualitativa e quantitativamente miserável, cuja aquisição disputavam como se fosse esmola. Não haviam percebido os andrajos nas costas dos pobres.
Não haviam notado a total falta de liberdade que afligia todos os cidadãos. Não se haviam impressionado com o tristonho e geral silêncio da população, receosa até de falar, pois temia a brutalidade das suspeitas policialescas.

6 – Se conheciam o trágico fracasso do comunismo, por que o queriam para suas pátrias? Se os chefes comunistas no mundo livre sabiam que o fruto do comunismo era o que agora o mundo inteiro vê, por que conspiravam para estender esse regime de miséria, escravidão e vergonha a seus próprios países? Por que não poupavam dinheiro nem esforços com o fim de atrair, para a árdua faina de implantação do comunismo, as elites de todos os setores da população, a começar pela elite espiritual que é o clero, e a seguir as elites sociais da alta e média burguesia, as elites culturais das Universidades e dos meios de comunicação social, as elites da vida pública, quer civil, quer militar, ademais dos sindicatos e organizações de classe de toda ordem, para atingir por fim a juventude e a própria infância, nos cursos de primeiro grau? Cegou-vos a paixão ideológica, a ponto de não perceberdes que a doutrina e o regime que pregavam para a nossa Pátria não poderiam deixar de produzir nela frutos de miséria e de desgraça iguais aos que produziram nas imensas longitudes do mundo soviético, desde as margens berlinenses do Spree, por exemplo, até Vladivostok?

7 – A opinião pública perguntará mais agudamente aos chefes dos PCs, em todo o Ocidente, por que consentiram em chefiar um partido político que não tinha outro objetivo senão arrastar para essa situação de penúria, escravidão e vergonha os próprios países do mundo livre, em que haviam nascido.

8 – Essas investidas do inimigo não se têm restringido a calúnias cochichadas [contra os anticomunistas], mas se têm avolumado a ponto de tomar as proporções de verdadeiros estrondos publicitários promovidos com grande estardalhaço contra a TFP brasileira nos últimos 24 anos. Este tufão encontra desde logo o apoio de todos os clãs de inocentes úteis disseminados pelo país, com suas diversificadas e infatigáveis equipes de detratores especialmente afeitos a operar nos recintos das famílias, das sacristias, dos clubes e dos grupos profissionais.

(A íntegra deste manifesto pode ser encontrada em: http://www.pliniocorreadeoliveira.info/1990-02-14%20-%20Comunismo%20e%20anticomunismo%20na%20orla.asp)

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E-mail do autor: cidalencastro@catolicismo.com.br



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